A morte é o grande mistério da vida. É o
absoluto desconhecido. E como todo desconhecido, ela nos causa medo, nos
apavora. Foi justamente para afastar o medo causado pela morte que o homem
criou a religião. Não por acaso, as grandes religiões do mundo buscam responder
os mistérios que envolvem a morte e oferecer conforto aos vivos. A morte seria,
em muitas religiões, apenas uma passagem para uma outra vida.
Apesar das respostas dadas pela religião, o
fato é que a maioria de nós faz de tudo para afastar a ideia da morte do nosso
dia a dia. Vivemos como se nunca fossemos morrer. O que é compreensível, uma
vez que a lembrança constante da nossa finitude pode nos levar à infelicidade,
à angústia. Assim, a morte é expulsa do nosso cotidiano e quando ela aparece, é
sempre de forma trágica, dolorosa.
No entanto, há uma expressão em latim que nos
oferece uma outra forma de encarar a morte: Memento
Mori (que significa algo como “lembre-se
de que vai morrer”). Sempre que um general romano era recebido com festa
pelo povo, depois de uma grande vitória, alguém ficava em sua carruagem
sussurrando essas palavras: “Olhe ao seu
redor. Não se esqueça de que você é apenas um homem. Lembre-se de que um dia
você vai morrer”.
Por mais mórbida que essa ideia possa
parecer, a lembrança da nossa mortalidade pode nos levar a ter outra relação
com a vida. A consciência que estamos inexoravelmente condenados à morte, nos
impele a valorizar mais a existência. Memento
Mori, portanto, é um impulso à vida. É um imperativo para aproveitar os
dias que nos restam da melhor maneira possível. Assim, é diante da ideia da
morte que a nossa vida ganha sentido. Será que estamos fazendo valer a nossa
existência? A vida é rara, portanto, carpe
diem, aproveite o dia.