quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sobre a Felicidade:





Segundo Nietzsche, "o que faz da felicidade felicidade é o poder esquecer", em outras palavras, felicidade é "a capacidade de se instalar no limiar do instante, esquecendo todos os passados...". Por isso, talvez, que para a maioria das pessoas a felicidade é representada pela infância, essa idade onde não existe o peso do passado nem o do futuro, só a leveza do presente. Nas palavras de Milan Kundera: “as crianças também não têm passado, e é esse todo o mistério da inocência mágica do seu sorriso”.
Se Nietzsche estiver certo, ninguém, além das crianças, é plenamente feliz. Vivemos sob o peso das nossas lembranças e as incertezas quanto ao nosso futuro. A felicidade nos aparece como lampejos, alguns duram muito, outros nem tanto. Só ficamos felizes quando experimentamos o ato de esquecer, quando nos agarramos ao exato instante do agora. Quando sentimos “a-historicamente”.
Entretanto, nenhum homem (ou pouquíssimos) pode viver a-historicamente, o passado sempre estará presente e com ele sempre travaremos lutas. Quando muito, experimentamos um estado muito semelhante à apatia, mas não podemos tomá-lo como um estado de felicidade. O que nos resta? Reconhecer que nenhum homem é feliz, que tem apenas momentos de felicidade.
Não me condene! Não estou sendo pessimista. Reconhecer a raridade da felicidade é valorizá-la. A grande questão é como vivemos nossos momentos felizes, com quem os compartilhamos.
Uma troca de olhares, um sono compartilhado, uma história contada na cama... Quem sabe um dia, quando o peso do passado estiver nos esmagando, quando nosso corpo estiver vacilando e estiver prestes a sucumbir, vamos nos lembrar desses momentos de felicidade... Quem sabe até vamos nos voltar para o passado, olhar fixamente em seus olhos, e pronunciar talvez nossas últimas palavras: valeu a pena!