sábado, 16 de fevereiro de 2019

A cor da morte



Um jovem negro morreu. Mais um. É um caso tão corriqueiro que parece ter perdido o poder de chocar. Banalizamos a vida. Nos acostumamos com a morte.
Transformamos a pele negra na cor do crime e todos, sem exceção, são condenados por antecipação.

Um jovem negro morreu. E com ele morreu um pouco da esperança que ainda resta. Ele foi executado a sangue frio diante da mãe. Nas redes sociais, pessoas comemoraram a sua morte. No tribunal da internet, ele foi julgado e declarado bandido. Seu crime é a sua cor.

Um jovem negro morreu. Mas sua morte causa menos revolta do que a morte de um cachorro.

Um jovem negro morreu. E sua morte atestou outra morte: da nossa humanidade. Perdemos nossa capacidade de nos indignar e sentir empatia. Perdemos a razão.
Nos perdemos.

Mais um jovem negro morreu. Mais uma família chora. No país em que guarda chuvas viram fuzis, jovens negros vão continuar morrendo todos os dias.

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